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segunda-feira, 3 de junho de 2019

[XXV] Ouvir Estrelas


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo,
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo? "

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas".



Olavo Bilac

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

[XXIX] Bastou


Dançando no multiverso,
bailando no céu multicor,
encontrei você em meu
caminho de luz e dor...

Estávamos assim tão
pertinho, rosto a ler
nos olhos; eu admirava
sua liberdade de ser...

E você, amada, tão bela
que me fez esquecer das
vicissitudes todas, sim.
Caminhei feliz, em paz...

Verdade que nunca tive você
em meus braços não,
mas bastou à minha alma,
revolver meu coração...


Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

segunda-feira, 7 de julho de 2014

[XXVIII] Ecos D'Alma


Oh! madrugada de ilusões, santíssima,
Sombra perdida lá do meu Passado,
Vinde entornar a clâmide puríssima
Da luz que fulge no ideal sagrado!

Longe das tristes noites tumulares

Quem me dera viver entre quimeras,
Por entre o resplendor das Primaveras
Oh! madrugada azul dos meus sonhares.

Mas quando vibrar a última balada

Da tarde e se calar a passarada
Na bruma sepulcral que o céu embaça

Quem me dera morrer então risonho

Fitando a nebulosa do meu sonho
E a Via-Látea da Ilusão que passa!


(Augusto dos Anjos)

sexta-feira, 20 de junho de 2014

[XXVII] Não acredite...


Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o.

(Buda)

sábado, 22 de março de 2014

[XXVI] Poema da Necessidade


É preciso casar João, 
é preciso suportar Antônio, 
é preciso odiar Melquíades, 
é preciso substituir nós todos. 

É preciso salvar o país, 
é preciso crer em Deus, 
é preciso pagar as dívidas, 
é preciso comprar um rádio, 
é preciso esquecer fulana. 

É preciso estudar volapuque, 
é preciso estar sempre bêbedo, 
é preciso ler Baudelaire, 
é preciso colher as flores 
de que rezam velhos autores. 

É preciso viver com os homens, 
é preciso não assassiná-los, 
é preciso ter mãos pálidas 
e anunciar o FIM DO MUNDO. 

(Carlos Drummond de Andrade, in "Sentimento do Mundo")